domingo, 5 de maio de 2013

Situação de aprendizagem - " Meu primeiro beijo"





MEU PRIMEIRO BEIJO    
ANTÓNIO BARRETO
Antes da leitura, o professor prepara uma roda de conversa lançando as seguintes perguntas:
 
O primeiro beijo sempre é bom?
Ele tem que ter um lugar especial?
Tem ser com alguém especial?
Inicia-se então a leitura projetada em Power point ou outro recurso midiático.





É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem?
Quem está contando a história?
Com quem foi o primeiro beijo dessa pessoa?




Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta . . .
Quem vocês acham que é essa pessoa denominada culta?
Por quê vocês acham isso?


. . .tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
" Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher...
O que seriam essas coisas de mulher?


E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
O que você acha que ele falou?
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
O que ele disse?
Até onde ele quer chegar com essas perguntas?




-Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão.
O que aconteceu?
Mas continuou salivando seus perdigotos:
-A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
-
Em qual disciplina vocês costumam encontrar esse tipo de palavras?
E aí, meninas, vocês gostaram desse tipo de cantada?
Ele continua sendo cultura inútil?




Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
Neste parágrafo, o professor discutirá sobre a importância da descrição na narrativa:
Por quê o autor não disse apenas que as personagens se beijaram e descreveu a cena do beijo com detalhes?
Que palavras do texto detalham a cena?
Qual a importância do uso desse recurso no texto?
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
Qual é o destino das personagens de agora em diante?



Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, . . .
O quê ela quis dizer com o mundo rolou?
. . .as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.



quinta-feira, 25 de abril de 2013

E-book

Falamos tanto em leitura que sugerimos um vídeo.

Assista ao vídeo... Muito  interessante!
http://youtu.be/XwoW9hnB4vY

Leitura de uma crônica




CEM ANOS DE PERDÃO


Quem nunca roubou não vai me entender. E quem nunca roubou rosas, então é que jamais poderá me entender. Eu, em pequena, roubava rosas.

Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brincávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu.” “Não, eu já disse que os brancos são meus.” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.

Começou assim. Numa dessas brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
Bem, mas isolada no seu canteiro estava uma rosa apenas entreaberta cor-de-rosa-vivo. Fiquei feito boba, olhando com admiração aquela rosa altaneira que nem mulher feita ainda não era. E então aconteceu: do fundo de meu coração, eu queria aquela rosa para mim. Eu queria, ah como eu queria. E não havia jeito de obtê-la. Se o jardineiro estivesse por ali, pediria a rosa, mesmo sabendo que ele nos expulsaria como se expulsam moleques. Não havia jardineiro à vista, ninguém. E as janelas, por causa do sol, estavam de venezianas fechadas. Era uma rua onde não passavam bondes e raro era o carro que aparecia. No meio do meu silêncio e do silêncio da rosa, havia o meu desejo de possuí-la como coisa só minha. Eu queria poder pegar nela. Queria cheirá-la até sentir a vista escura de tanta tonteira de perfume.
Então não pude mais. O plano se formou em mim instantaneamente, cheio de paixão. Mas, como boa realizadora que eu era, raciocinei friamente com minha amiguinha, explicando-lhe qual seria o seu papel: vigiar as janelas da casa ou a aproximação ainda possível do jardineiro, vigiar os transeuntes raros na rua. Enquanto isso, entreabri lentamente o portão de grades um pouco enferrujadas, contando já com o leve rangido. Entreabri somente o bastante para que meu esguio corpo de menina pudesse passar. E, pé ante pé, mas veloz, andava pelos pedregulhos que rodeavam os canteiros. Até chegar à rosa foi um século de coração batendo.

Eis-me afinal diante dela. Para um instante, perigosamente, porque de perto ela é ainda mais linda. Finalmente começo a lhe quebrar o talo, arranhando-me com os espinhos, e chupando o sangue dos dedos.

E, de repente – ei-la toda na minha mão. A corrida de volta ao portão tinha também de ser sem barulho. Pelo portão que deixara entreaberto, passei segurando a rosa. E então nós duas pálidas, eu e a rosa, corremos literalmente para longe da casa.
O que é que fazia eu com a rosa? Fazia isso: ela era minha.
Levei-a para casa, coloquei-a num copo d’água, onde ficou soberana, de pétalas grossas e aveludadas, com vários entretons de rosa-chá. No centro dela a cor se concentrava mais e seu coração quase parecia vermelho.
Foi tão bom.
Foi tão bom que simplesmente passei a roubar rosas. O processo era sempre o mesmo: a menina vigiando, eu entrando, eu quebrando o talo e fugindo com a rosa na mão. Sempre com o coração batendo e sempre com aquela glória que ninguém me tirava.
Também roubava pitangas. Havia uma igreja presbiteriana perto de casa, rodeada por uma sebe verde, alta e tão densa que impossibilitava a visão da igreja. Nunca cheguei a vê-la, além de uma ponta de telhado. A sebe era de pitangueira. Mas pitangas são frutas que se escondem: eu não via nenhuma. Então, olhando antes para os lados para ver se ninguém vinha, eu metia a mão por entre as grades, mergulhava-a dentro da sebe e começava a apalpar até meus dedos sentirem o úmido da frutinha. Muitas vezes na minha pressa, eu esmagava uma pitanga madura demais com os dedos que ficavam como ensangüentados. Colhia várias que ia comendo ali mesmo, umas até verdes demais, que eu jogava fora.
Nunca ninguém soube. Não me arrependo: ladrão de rosas e de pitangas tem 100 anos de perdão. As pitangas, por exemplo, são elas mesmas que pedem para ser colhidas, em vez de amadurecer e morrer no galho, virgens.


Clarice Lispector. In: “Felicidade Clandestina” – Ed. Rocco – Rio de Janeiro, 1998

Depoimentos de "Leitura e Escrita" de professores de Língua Portuguesa







Já vimos sobre histórias, resgates de memórias através de experiências exitosas como o ouvir histórias infantis. Logo, vejamos  alguns depoimentos de professores de Língua Portuguesa sobre "Leitura e Escrita":


Professora Silvana Tavares Nagem (Diretoria de Ensino Guarulhos Norte):

"Confesso que após a leitura  dos depoimentos dos meus colegas, ontem no caminho para casa fui relembrando vários  momentos que passei  nos bancos da escola,e como esses momentos foram significativos na construção de minha personalidade, caráter , valores ,"essência". Embora , muitos não aceitem a ideia ,  eu acredito muito na "figura" do professor  como modelo . Durante minha jornada escolar, tive a  felicidade de encontrar ótimas referências , e como isso foi   importante  para a formação cidadã. Agradeço muito a todos os professores que de uma maneira ou de outra contribuíram com minha formação e,como  Gabriel em seu depoimento , que lembra de alguns professores que marcaram e contribuíram em sua vida, eu também  me lembro com saudade os tempos de escola, meus grandes "mestres" ,velhos tempos , belos dias. Isso faz  refletir nosso papel como professor, educador,formador de opinião  nossa responsabilidade em transformar , mais do que "apenas" trabalhar  conteúdos , ser referência  para seus alunos".






Professora Marcia Yoshiko Buto (Diretoria de Ensino Suzano):
"Não muito difícil falarmos um pouco sobre experiências com este tema “Leitura e Escrita”. Podemos iniciar falando um pouco de como foi minha experiência como leitora pois adorava desde pequena escutar histórias que meus pais, tios, avós, primos, enfim, como era muito bom ouvir histórias. Parece que isso “não está muito na moda” ou parece que hoje os jovens não ligam muito para isso! Acreditem, a leitura mudou, muitos deles já nem mesmo abrem livros (de papel), utilizam o próprio computador para fazer leituras rápidas e sobre diversos assuntos ao mesmo tempo.
Lembro-me muito das histórias que minha contava para mim e que minhas professoras da escola, principalmente da pré-escola contavam sobre os personagens mais comuns em nossas histórias da nossa literatura infantil como: A Branca de Neve e os sete anões, Os três porquinhos, João e o pé de feijão, etc. Que gostoso era aquilo, vivia imaginando como seriam os personagens e criando sempre um final feliz para as histórias que criava com estas narrativas.
Marilena Chauí disse: “ O livro é um mundo porque cria mundos...”, em um vídeo e nos descobrimos através de nossas leituras e é algo que precisa tocar nossas almas para fazer sentido.
Viajamos por muitos lugares e conhecer outros desconhecidos através desta fascinação chamada “Leitura”!
Quando lemos algo é como realmente aquilo fizesse parte de nós, um pedacinho que está se constituindo ao nosso corpo e nos constituindo também!"








Professora Raquel Tegedor Azevedo (Diretoria de Ensino Itaquaquecetuba): 
"...me fez lembrar da  adolescência quando também gostava da série Vagalume, li muitas histórias interessantes e outras óbvias demais que me decepcionaram. Hoje, observo que muitos dos nossos alunos gostam de ler histórias que despertam a imaginação, que os fazem viajar, se transportar para outros lugares e não toleram histórias obvias, então, a indicação de títulos é sempre bem aceita, principalmente quando são feitas por outros colegas".






Professora Marta Sonia Santana Silva (Diretoria de Ensino Diadema):
"Quem ama a leitura, sem dúvidas,  tem muitas experiências para relatar, porém há algumas que nos deixam marcas profundas.Lembro-me da leitura da obra de Fernando Sabino, “O grande Mentecapto”, um livro que traz um enredo prazeroso, uma história linda, em que o protagonista vivência momentos inusitados, emocionantes, tristes, alegres e louco..... sim havia loucura naquele personagem, eu pensava assim,  e por muitas vezes relacionei aquela obra à pessoas conhecidas, que em determinado momento da vida “surtava” e loucuras eram feitas.
O fato do personagem ser livre e vagar pelo mundo, muitas vezes sem rumo, conduz o leitor  a “viagens” com obstáculos, mas sem fronteiras. Apesar de ser uma leitura obrigatória para uma avaliação, foi, de fato, uma das leituras mais prazerosas da minha vida.
E para concluir, lembro-me perfeitamente da avaliação, analisar e dissertar sobre a intertextualidade entre a obra e passagens da Bíblia,  enfim, essa prova era de 0 a 5, tirei 5".



Professora Tânia Souza de Luna (Diretoria de Ensino Itaquaquecetuba): 
"Colegas, compartilho a opinião de necessidade da leitura estar presente em nossa vida. É a realção com ela que faz a diferença em nossa vida como professores."



Aproveitando este espaço, caso tenham alguma experiência sobre este tema, por favor, deixe também seu depoimento:

terça-feira, 23 de abril de 2013

Uma reflexão . . .



Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser calor que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lagrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.                                                                                                (Cora Coralina)


Era uma vez...


Quantas vezes não ouvimos este início de frase e nos lembramos de nossa infância?
Muitos de nós, quando crianças, ouvimos nossos avôs, pais, tios, contando histórias e queríamos sempre ouvir mais.
Hoje em dia, vivemos em um mundo onde poucos jovens e adolescentes tem este hábito para escutar histórias....
Precisamos resgatar esta tradição com nossos filhos.
Ouça uma história:
http://www.youtube.com/watch?v=5a_sDZPSXlA